Já era dito e visto
Que a humanidade mais cedo ou mais tarde,
Provaria do seu próprio veneno.
Refiro-me ao afastamento que provocamos voluntariamente devido
Ao avanço tecnológico, ao excesso de trabalho, aos interesses particulares,
Ao medo que nos assombra e enclausura no dia a dia.
Na ânsia de nos proteger do frio, do calor,
Buscamos o conforto refrigerando ou aquecendo ambientes.
Que nunca mais souberam o que é sentir o sabor do vento,
A delícia de uma brisa matutina.
Nos condicionamos a respirar o mesmo ar todos os dias.
Um ar fechado, envelhecido, tão poluído quanto aquele que queremos evitar do lado de fora.
Aí está!
Reclamamos agora por estarmos isolados.
Não estamos isolados!
Agora sim, estamos acompanhados.
Acompanhados das pessoas para as quais não tínhamos tempo.
Tudo antes era mais importante.
Agora é preciso reaprender a olhar o outro,
Rever a cor do seu olho,
Ouvir o que ele tem a dizer,
Jogar conversa fora,
Rir à toa.
E, principalmente, aprender a abraçar à distância,
Com o olhar, com um sorriso.
Encontrar o que se perdeu há muito tempo na humanidade.
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