Aos olhos de uma criança, tudo acontece de maneira diferente. Lembro, certa vez, de ouvir uma amiga comentar que quando criança, via o gramado da casa dos pais imenso, o que anos mais tarde, percebera que não passava do tamanho normal de um gramado.
O mundo infantil é muito diferente. Ele reúne características que são peculiares desses seres pequeninos e cheios de imaginação. A criança por si só, percebe tudo ao seu redor de uma maneira diferente, o que a leva a fazer deduções silenciosas ou então, questionamentos que muitas vezes colocam os adultos em situações embaraçosas, deixando-os irritados, não pelo fato de não terem respostas, mas por não saberem como administrá-las de maneira a não avançarem etapas gerando outras novas perguntas. Diga-se de passagem que a situação exige certo jogo de cintura!
O mundo infantil é interessante! Digno de ser observado com atenção. O que para um adulto é óbvio, para uma criança é o começo de um aprendizado. Não é à toa que precisamos cuidar o que falamos e mostramos a uma criança, pois suas dimensões tomam proporções que diferem do mundo adulto em todos os sentidos.
São mãos, olhos e ouvidos atentos a tudo e uma boquinha que fala o tempo todo relatando o que “vê”, perguntando “por quê? ” a todo instante, unindo a teoria que ouve a uma prática eufórica, nos dando a entender que o seu mundo não pode esperar.
Ser criança é tudo de bom! É ter o mundo a seus pés! Os olhares voltados para si, aguardando as novidades que surgem a cada instante. Novidades que para uma criança acrescentam um pontinho a mais em seu currículo de crescimento. Para os adultos, pais, um orgulho a mais de que “meu filho já faz…”, “ele descobriu…”, acredita que meu filho ontem…” e por aí a fora…
É por essas razões que costuma-se dizer que dentro de nós não deve morrer a criança que um dia já fomos, pois é ela que impulsiona o adulto a ver o mundo de maneira mais sutil, mais questionadora. Que é possível deixar o lado automático um pouquinho em descanso e ver que o gramado é imenso e que essa criança pode aproveitá-lo da forma que ela quiser; que o sorvete, de repente, parece um pouco maior do que o normal e ela vai saboreá-lo com mais calma; e assim tantas outras coisas tornar-se-ão possíveis aos olhos de uma criança.
Quem sabe nesses poucos instantes em que a gente se perde em devaneios infantis, acabamos nos dando conta que retardamos por alguns minutos o processo do nosso envelhecimento. Que tal?
Fevereiro/2020
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